O Conto da Ilha Desconhecida
Um homem foi ao palácio do rei para
lhe pedir um barco. No palácio havia várias portas e cada uma tinha sua
utilidade. O rei passava todo o tempo na porta dos obséquios, onde os tais eram
oferecidos.
O homem foi ter na porta das petições,
afinal, estava ali para fazer um pedido. O rei, no entanto, fingia não ouvir as
batidas na tal porta e deixava baterem até que o som incomodasse a vizinhança
que questionavam: Que rei temos nós, que não atende aos seus súditos?
Quando isso acontecia o rei mandava
que o primeiro secretário fosse ter com quem batia e este pedia ao segundo
secretário que pedia ao terceiro que ordenava ao seu subordinado, este por sua
vez mandava ao seu subordinado e assim ia até chegar à mulher da limpeza que
não tendo em quem mandar ia atender as batidas. Foi assim que o homem que
queria um barco foi atendido.
Quanto tal homem foi atendido pela
mulher da limpeza exigiu fazer seu pedido ao rei, ao receber como resposta que
o rei era muito ocupado, falou que da porta só sairia quando falasse
diretamente com a alteza. Assim deitou-se frente à porta e esperou. Sua estada
era positiva aos olhos do rei pelo fato de que outras pessoas não viriam pedir
e sobraria mais tempo para os obséquios, mas ao mesmo tempo as revoltas sociais
cresciam devido à demora da resposta. Então, em três dias o rei foi ter com o
homem.
O homem pediu ao rei um barco, queria
ir ao encontro da ilha desconhecida. O rei afirmou que tal não existia, no
entanto o homem argumentou e assim teve o barco concedido, o rei mandou que ele
procurasse pelo capitão do porto, que sozinho arrumasse sua tripulação e que
adquirisse um barco seguro e que navegasse bem.
No instante em que o homem partiu,
muitos correram para a porta das petições, mas o rei já havia saído e a mulher
da limpeza também, decidira que iria à procura da ilha junto com o homem e que seria
a mulher da limpeza no barco.
Ao chegar às docas o homem teve com o
capitão que lhe questionou sobre sua experiência nos mares. De longe a mulher
da limpeza observava e escolhia entre os barcos qual que gostaria. O capitão
cedeu ao homem uma caravela reformulada. Justamente o barco que a mulher
escolhera. E foi gritando “meu barco”, se apresentou ao homem e se ofereceu.
Ela foi para o barco a fim de realizar
a primeira limpeza e ele foi em busca da tripulação. Voltou apenas com o jantar
para os dois. Homem nenhum acreditava na existência de uma ilha ainda
desconhecida, de uma ilha que não constasse nos mapas.
Ele revelou desistência quanto à
viagem, afinal esperara três dias pelo rei e agora não conseguia tripulação,
mas ela disse que fossem os dois. Os dois jantaram e não sobrou nem sequer uma
migalha. Depois, como por desejo da mulher da limpeza, o homem foi conhecer o
barco que ganhara. Despediram-se então com um simples: Boa noite, durma bem e
tenha sonhos felizes! Ele pensando como a mulher era bonita e ela pensando que
ele só tinha olhos e mente para a ilha desconhecida.
Dormiram. Ele sonhou por toda a noite.
Sonhou que tinha uma tripulação com homens, mulheres e crianças. Que levava
sementes, terra, animais e árvores. No sonho no último instante a mulher da
limpeza abandonava a aventura. E ele procurava com os olhos mesmo sabendo da
desistência. Os homens quando questionados diziam não ver ilha nenhuma que
fosse desabitada e assim desconhecida. Então, quando passaram por terras
habitadas, exigiram o desembarque. O homem viu todos descerem e a terra se
espalhar pelo barco e as árvores e sementes ali brotarem.
Acordou e tinha nos seus braços a
mulher da limpeza. No dia seguinte, batizaram o barco como ilha desconhecida e
partiram.
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